Siga-me no Twitter

    Quando descobrimos que a nossa atitude encoraja a ação positiva em outras pessoas e isso por sua vez motiva Outras, começamos acreditar que podemos mudar o mundo. (JM)

    Surfista, proteja seu playground

    Escrito: segunda-feira, 9 de novembro de 2009 by João Malavolta in Marcadores: , , , , ,
    0

    Por: Leandra Gonçalves / Greenpeace

    Brasil, país tropical, repleto de exuberantes belezas naturais, possui uma das maiores zonas costeiras e uma diversidade regional e cultural de causar inveja.

    O brasileiro tem uma ligação com o mar como poucos povos têm. São mais de 8.600 quilômetros de costa, quase 4 milhões de quilômetros quadrados de água, a grande maioria dessa área admirada pela população, que até enfrenta grandes congestionamentos para conseguir um lugar ao sol e um pedacinho de areia.

    Contudo, não podemos dizer que na cabeça do brasileiro a proteção dos nossos mares é considerada emergencial. Ao olhar para o mar, ele está lá, sempre azul, o que faz com que as pessoas acreditem que ele possui capacidades infinitas e inesgotáveis de se recompor e permanecer naquele azul pacífico de sempre.

    Não é, infelizmente, o que acontece na realidade. A gestão da zona costeira brasileira está longe de estar entre as prioridades governamentais e enfrenta grandes dificuldades de implantação e operacionalização.


    Nestes últimos anos, diversos fatos vêm impondo mudanças de estratégias e de atitudes da comunidade litorânea, a exemplo da aceleração dos efeitos das mudanças climáticas sobre a zona costeira, início da exploração do petróleo pré-sal, intensificação do turismo nas áreas litorâneas, poluição, ocupação desordenada por grandes resorts, obras de infra-estrutura e entre outros.

    Os impactos socioambientais desses novos fatos já são visíveis. Elevação do nível do mar, aumento dos eventos climáticos que destroem empreendimentos da linha da costa, a perda alarmante de recursos naturais e inclusive a diminuição da capacidade dos oceanos de realizar o equilíbrio climático do planeta. Entre os efeitos negativos, ainda estão a alteração do regime de ondas, problemas de saúde pública e a quantidade de lixo marinho.


    Este cenário, pouco animador, refere-se a uma porção do território brasileiro, considerado Patrimônio Nacional, onde residem em torno de 40 milhões de habitantes. Essa porção do território brasileiro é utilizada para locomoção, turismo, lazer e deve também ser utilizado pela sociedade de forma sustentável, o que não tem sido feito de forma responsável.

    A comunidade do surf, sempre presente nesse nosso “playground azul” e adorador da natureza e, particularmente, dos oceanos, deveria se mobilizar para ajudar a defender a zona costeira de interesses econômicos irresponsáveis, que não trazem o verdadeiro desenvolvimento para o povo brasileiro de forma sustentável.

    Esse mês, em Ilhéus, acontece o Campeonato Panamericano de Surf (Mahalo Pan Surf Games & Music - de 7 a 14 de novembro, na praia de Batuba, em Olivença), um grande evento que promete revelar talentos incríveis e que estarão preparados para esculpir as melhores ondas. Infelizmente, no Brasil, existe pouco apoio financeiro para a realização desse tipo de evento, e a organização fica à mercê de empresas poluidoras e altamente impactantes. Por trás do apoio de muitas dessas empresas, existe o interesse de posarem de “mocinhos” na foto e perante a comunidade – a principal impactada pela falta de transparência e pelo desenvolvimento econômico a qualquer custo.

    A região de Ilhéus, na Bahia, é uma das poucas áreas remanescentes de mata atlântica e apresenta uma zona costeira ainda com informações insuficientes para a conservação da biodiversidade. No entanto, o governo e empresas privadas pretendem trazer para a região uma gigante obra de infra-estrutura, para ser localizada na Ponta da Tulha – o Complexo Intermodal do Porto Sul. Uma parceria pública-privada, orçada em 11 bilhões de reais e que trará prejuízos inestimáveis para o Brasil na área socioambiental.

    A Bahia Mineração, principal apoiadora do campeonato, tem interesses na construção do porto para que possa retirar nosso minério de ferro e exportar para Índia, China, Rússia e Cazaquistão.

    Se isso não bastasse, a construção de um complexo portuário na região irá afetar as condições costeiras, podendo muito certamente impedir que outros brilhantes campeonatos como este possam ser realizados e tragam nossos ilustres surfistas de mais de 20 países para a nossa exuberante costa brasileira.



    0 comentários:

    Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

    Obrigado pela visita