"Aliança dos Surfistas propõe catalizar propostas pela sustentabilidade
Escrito: terça-feira, 23 de junho de 2009 by João Malavolta in Marcadores: Ecosurfi, Surf Sustentavel
A “Aliança dos Surfistas pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade” foi lançada em Ubatuba, no dia 18 de junho, durante o seminário "Nas Ondas da Sustentabilidade". A atividade, que integra o Programa Surfe Sustentável, da Entidade Ecológica dos Surfistas (Ecosurfi), foi realizado em parceria com a Associação Ubatuba de Surf (AUS) e Prefeitura Municipal de Ubatuba por meio da Secretaria de Meio Ambiente.
A idéia é construir a “Carta de Responsabilidades dos Surfistas para Sociedades Sustentáveis” a partir das ações, propostas e reflexões, articuladas em rede, das diversas comunidades do surfe espalhadas pelo litoral brasileiro. A "Aliança dos Surfistas" é esta rede, que tem como proposta ser uma catalizadora de parcerias, articulando todos os seguimentos dentro da comunidade surfe (mídia, indústria, sociedade civil, profissionais etc) para agir e refletir em torno da construção de sociedades sustentáveis.
A proposta traz o conceito de “responsabilidades humanas” como fio condutor dos debates sobre o papel do surfista na sociedade contemporânea, que encara o desafio de enfrentar e se adaptar às mudanças ambientais globais. Traz também a idéia de que estão no nível local as possibilidade mais coerentes de elaborar estratégias e intervir com praticidade nos acordos políticos que causam os conflitos socioambientais. Para o dirigente da Ecosurfi, João Malavolta, a sociedade civil não pode mais achar que é da classe política o compromisso por cuidar das pessoas, zelar pela comunidade e valorizar a vida. Ao mesmo tempo em que não se pode mais achar que “cada um fazer sua parte” é o suficiente.
“A atitude individual é importante na resolução da crise ambiental que vivemos, as escolhas pessoais são fundamentais. Mas não podemos deixar de lado a perspectiva coletiva, que é o que marca e induz o comportamento das pessoas”, fala Malavolta. E neste contexto, “o surfe promove e expressa um estilo de vida saudável, representa uma imagem positiva, mas também há um desgaste da verdadeira essência do surfe por meio do estímulo exagerado do consumo”, conclui.
Propostas ubatubenses
Durante o seminário em Ubatuba, diversos segmentos do surfe interagiram. Participaram fabricantes de pranchas, representantes da prefeitura, da CETESB, ONGs locais e surfistas amadores e profissionais, entre eles o top do Super Surf e atual campeão paulista profissional, Saulo Junior, o ex-Top do WQS, Tadeu Pereira e Narciso Oliveira, ambos também campeões paulista de surf profissional, além do embaixador do surfe de Ubatuba, Zecão.
Da conversa sobre responsabilidades o papo avançou para a construção coletiva de propostas que pudessem ser transformadas em coisas práticas. Os surfistas então conversaram sobre os conflitos do surfe na realidade socioambiental local e depois apresentaram suas propostas para construir soluções e resolver alguns deles.
Emergiram questões como os impactos provocados pelos eventos de surfe nas praias e comunidades locais e o alto nível de agressão causado pela indústria de pranchas. E foram abordadam também as escolinhas de surfe como espaços propícios para implementar a educação ambiental, além dos surfistas como potenciais produtores e difusores de informações ambientais em nível local, cuidando da qualidade dos oceanos e ambientes costeiros.
Entre as propostas, surgiram idéias como formar um grupo de trabalho para elaborar critérios para os campeonatos de surfe e a criação de uma comissão para construir, em parceria com a Prefeitura e CETESB, para elaborar metas e soluções para a gestão adequada dos resíduos de fábricas de pranchas. Além de um mutirão de limpeza de praias na Praia de Fora, uma das que vem sofrendo bastante com o lixo.
José Carlos Renno, embaixador do surf de Ubatuba mais conhecido como Zecão, disse que a iniciativa é muito interessante. "Eu já faço coisas na área, como quando implantamos a educação ambiental na escolinha de surfe. Isto só anima a continuar insistindo e enfrentando as dificuldades", falou.
Outro que também gostou foi o presidente da Associação Ubatuba de Surf, Paulo Motta. Para ele “este é um processo que já deveria ter começado, porque realmente o lixo gerado pelas fábricas de prancha é um resíduo muito danoso para o meio ambiente. O seminário teve o objetivo de plantar uma semente para instigar as ações efetivas. O fato deste projeto ter vindo de fora denota que Ubatuba realmente é considerada a capital do surf e como tal, deve servir de exemplo também na preservação do meio ambiente. Este é um projeto que tem potencial para atingir toda a costa brasileira. Como cidadão e filho desta cidade, pretendo ajudar a fazer crescer este movimento e melhorar o ecossistema.”
Por Bruno Pinheiro
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