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    Quando descobrimos que a nossa atitude encoraja a ação positiva em outras pessoas e isso por sua vez motiva Outras, começamos acreditar que podemos mudar o mundo. (JM)

    Código Florestal é porta de entrada para ruralistas destruírem mais leis

    Escrito: quarta-feira, 27 de abril de 2011 by João Malavolta in Marcadores: , , , , , , , , , ,
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    Os movimentos sociais se opõem às alterações na legislação ambiental brasileira propostas pelo projeto de lei do relator Aldo Rebelo (PCdoB/SP). Veja os dois artigos abaixo:

    por Vinícius Mansur*, do Brasil de Fato

    Especialista analisa momento da luta em torno do Código Florestal, seu valor estratégico para os ruralistas e cobra posição do governo federal.

    Em junho de 2010, a Comissão Especial sobre Mudanças no Código Florestal aprovou o relatório do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Com as eleições batendo à porta, o governo segurou a votação do relatório pelo plenário da Câmara, temendo um desgaste eleitoral – especialmente pelo fator Marina Silva (PV). A então candidata Dilma Rousseff assumiu o compromisso de vetar qualquer mudança que autorizasse novos desmatamentos.

    Passada as eleições, a bancada ruralista tensionou a disputa, aprovou um pedido de urgência e tentou, até a última sessão de 2010, colocar o relatório em votação. Apesar de fracassarem, o debate acerca do Código impactou fortemente as articulações para a presidência da Câmara. O atual presidente da casa Marco Maia (PT-RS), ganhou apoio da forte bancada ruralista prometendo a votação até fevereiro. O difícil consenso dentro do governo e sua base, especialmente entre os ministérios de Meio Ambiente e Agricultura, travaram o avanço da pauta e, como alternativa, Maia criou, em março, uma Câmara de Negociação que, até então, pouco caminhou.

    No dia 5 de abril, entidades do lobby ruralista, infelizes com a demora nos bastidores, financiaram um evento milionário em Brasília, trazendo milhares de pessoas para defender o relatório de Rebelo. Tentaram demonstrar força ao Palácio do Planalto e dar um verniz popular ao projeto. No dia 7 de abril, outra mobilização, esta em oposição ao projeto, convocada por movimentos do campo e ambientalistas, ocupou a Esplanada. Para avaliar o estágio atual da disputa em torno do Código, o Brasil de Fato entrevistou o mestre em Agroecologia pela UFSC e dirigente do MST, Luis Zarref.

    Brasil de Fato – O que esperar dessa Câmara de Negociação?

    Luiz Zarref – A Câmara de Negociação não é regimental, nunca tinha acontecido em nenhuma outra votação da Câmara. Inicialmente tinha uma conjuntura boa, com quatro ruralistas e quatro ambientalistas. Hoje são seis de cada lado e mais dois representantes da liderança do governo e dois da minoria. No início, a Câmara ficou cerca de um mês e meio sem fazer nada. Com a pressão nessas últimas semanas, o governo se movimentou mais e o espaço começou a funcionar. Mas, ainda não se tem claro qual é o papel dessa Câmara. Foram três reuniões e todas só serviram para deliberar sobre o recebimento de notas técnicas. Não se sabe se a Câmara servirá só para listar os pontos divergentes ou se serão feitas emendas ao relatório do Aldo Rebelo.

    O evento milionário organizado pelos ruralistas fez a balançadas negociações pender para o lado deles?

    O tiro saiu pela culatra. Eles queriam trazer essa mobilização e garantir a votação, só que não contavam com a morte do[ex-vice-presidente] José Alencar, que atrasou a pauta em uma semana. Também não contavam que o PT ficaria firme. O Paulo Teixeira [líder do PT na Câmara] disse que o PT não fechará acordo enquanto a proposta do governo não chegar. Já o Marco Maia disse que o texto só entra em votação quando a Câmara de Negociação terminar os trabalhos. Entretanto, mesmo que não tenham alcançado o impacto esperado, o peso que eles jogaram nesta mobilização, a maior que eles já fizeram, demonstra o interesse deles nessa pauta.

    O que explica tamanho interesse?

    Na nossa leitura, o Código é a porta de entrada para os ruralistas iniciarem a destruição das leis agrárias e ambientais, aquilo que lá em 2009 a Abag [Associação Brasileira do Agronegócio] definiu como prioridade: rever todas as leis do setor para garantir “segurança jurídica”. Na realidade, a segurança jurídica significa limpar toda a sujeira que fizeram até agora, passar uma borracha no desmatamento, no uso irregular de agrotóxicos e de transgênicos, entre outras. Além de permitir o avanço da propriedade privada e do lucro dos ruralistas. O Código Florestal tem um apelo muito grande na sociedade urbana. Se eles o destroem, dão uma sinalização de poder muito grande. As outras pautas, que não estão na sociedade, seriam derrubadas com muito mais facilidade. Quem é que vai defender o Estatuto da Terra, a Política Nacional de Meio Ambiente, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, a Lei de Águas, ou Código de Águas, sobre recursos hídricos? Está em jogo uma demarcação na guerra de posição muito importante para eles, porque o Código é uma lei que historicamente eles tentam destruir e ainda não conseguiram.

    O Código Florestal lhe parece uma legislação adequada?

    Ele já é fruto de uma avaliação de algo que não deu certo, o Código de 1934. Ele surge em 1965 e, apesar de aprovado no primeiro ano da ditadura, foi concebido em um ambiente progressista. Uma sociedade que não discutia meio ambiente sem discutir questão agrária. E ele é discutido em cima de uma disputa mundial entre socialismo e capitalismo. Então, havia uma tendência de se discutir a função social da propriedade. O Código criou a figura da Reserva Legal (RL), que não existia em lugar nenhum do mundo e que recentemente criaram no Paraguai. Com a RL, uma parcela da propriedade privada tem que ser destinada ao interesse público. O primeiro artigo do Código Florestal diz que “as florestas são bem de interesse comum da sociedade brasileira”. Ou seja, estão acima dos interesses privados. Poderíamos ter adotado o ambientalismo conservador, que foi adotado depois da década de 70 pela ditadura, que era o modelo dos EUA, do parque Yellowstone. Ou seja, tirar a área da propriedade privada, isolá-la dos seres humanos e pronto. Porém, nosso Código traz para dentro da propriedade privada uma imposição da sociedade brasileira: uma parcela daquela propriedade deve ser utilizada sustentavelmente. Ele já colocava o conceito sustentável, um discurso bem avançado para época.

    De que maneira as mudanças propostas por Aldo Rebelo prejudicam a agricultura de menor porte e beneficiam o agronegócio?

    O agronegócio artificializa o meio ambiente. Ele mexe com a terra toda, usa o pacote da revolução verde, degrada e depois de 10 anos vai embora para outra região. Não é à toa que agora estamos vendo a expansão da fronteira agrícola no Maranhão, Piauí e Tocantins, um pouco da Bahia também. Destruíram as terras do Sul, destruíram as terras na região Centro-Oeste e na fronteira com a Amazônia e agora estão indo para esta outra área que se estima ter 30 a 40 milhões de hectares. O agronegócio tem essa relação ecossistêmica de destruição. A agricultura camponesa não. Se você tira a RL dessas propriedades, diminui-se a Área de Preservação Permanente (APP), se você não trabalha com a recuperação dessas áreas, no médio prazo, esses agricultores terão suas terras inviabilizadas. A RL é interessante naquele microclima, naquele microespaço, porque ela impacta na polinização de várias culturas, impacta sobre predadores naturais, então veremos um aumento dos índices de pragas, ela impacta na adubação da terra, impacta no fornecimento de água, muda o clima daquele espaço, impacta no agricultor que terá que comprar madeira para qualquer coisa que queira fazer.

    O relatório do Aldo não aponta para o centro da questão: o problema não é a lei, mas a falta de regulamentação e implementação por parte do Estado brasileiro. Se você for ao campo, verá que os agricultores têm o seu pedaço de floresta. Dali ele tira as plantas medicinais, as ferramentas, os palanques para os galpões, ele gosta de ver aquilo. O que ele não gosta é da polícia ambiental ir fazer repressão. Faltam recursos para o agricultor recuperar as áreas que ele tem de passivo. E mesmo que o projeto do Aldo libere propriedades com menos de quatro módulos fiscais das RLs, as APPs terão que ser recuperadas. De onde que ele vai tirar esse dinheiro? Não tem nada no relatório prevendo isso.

    E o que explica a adesão de entidades da agricultura familiar a este projeto?

    A Contag está indo para o discurso imediato, reacionário, que só leva ao fracasso da agricultura familiar, um desserviço histórico. Para a agricultura familiar, a solução é de longo prazo. Porque é quem tem relação com a terra. Para o agronegócio há solução imediata, porque daqui a dez anos, eles fazem um tratoraço e vem limpar as lambanças deles de novo. A agricultura familiar não, mesmo que se mude a lei, as terras vão ficar inviabilizadas. A Contag renegou o debate político com a sua base. Preferiu se submeter a pressão do imediatismo. Há também uma disputa interna na Contag, entre as federações que tem ligação com PT e CUT e federações que tem ligação com o PCdoB e CTB. Então, muito provavelmente houve uma ingerência do PCdoB dentro da Contag para pressioná-los. O pior é que nem emendas ao relatório fizeram, basicamente aderiram, sem enfrentamentos com o agronegócio.

    Reforçaram a polarização benéfica aos ruralistas dos produtores versus ambientalistas?

    Isso. Essa posição deles é funcional ao agronegócio. Diferente da década de 80 e 90, nessa primeira década do século XXI há a hegemonia do agronegócio, que conseguiu passar por propaganda que é ele quem produz para o Brasil. E nessa disputa do Código, eles usaram dessa imagem para dizer que quem quer as mudanças são os verdadeiros produtores, quem não quer são os ambientalistas, que ganham muito bem e não tem nada a ver com quem produz no campo. E a mídia comprou muito isso. Porque os movimentos sociais como a Fetraf, o MST, o MPA, a Via Campesina e outros vêm discutindo o tema, mas suas posições não ganham a mesma reverberação. Não aparece que os pequenos agricultores estão de um lado e os grandes de outro, que nós somos produtores e temos uma posição diferente. Somente produtores versus ambientalistas.

    Quais os próximos passos dessa luta?

    Intensificar o debate na sociedade e pressionar o governo para tirar uma posição que altere a correlação de forças. O indicativo do presidente da Câmara é que a votação vá para maio, depois de finalizado os trabalhos da Câmara de Negociação. Mas dificilmente haverá votação sem indicação clara do governo.

    *De Brasília (DF).
    **Publicado originalmente no site do Brasil de Fato.


    Via Campesina: relatório de Aldo não tem apoio da pequena agricultura
    25 de abril de 2011

    Manifestação da Via Campesina, ao lado de movimentos sociais e sindicais do campo e organizações ambientalistas, contra alteração do Código Florestal, no dia 7 de abril


    Da Página do MST

    O deputado federal Aldo Rebelo (PC do B-SP), relator do projeto de reforma do Código Florestal, afirmou que o governo propõe o “extermínio" da agricultura familiar ao pedir que os pequenos produtores tenham área de reserva legal dentro de suas propriedades.

    A declaração foi dada em entrevista ao portal G1, divulgada na quinta-feira.

    Luiz Zarref, dirigente da Via Campesina Brasil, rebate a declaração do deputado, que utiliza a agricultura familiar como uma nuvem de fumaça para dar legitimidade ao seu projeto de flexibilização do Código Florestal.

    “É absurda a ideia de retirar a Reserva Legal das propriedades camponesas. Nenhum movimento agrário pediu isso. Nem mesmo a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agriculturag (Contag), que está bastante próxima do deputado Aldo Rebelo, defendeu isso em suas propostas iniciais de alteração do Código”, afirma Zarref.

    A Via Campesina Brasil congrega o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Associação Brasileira dos Estudante de Engenharia Florestal (Abeef), Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (Feab), Pastoral da Juventude Rural (PJR), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais.

    Abaixo, leia os comentários de Zarref à entrevista concedida por Aldo Rebelo ao G1.

    Pequena agricultura defende Reserva Legal

    É absurda a ideia de retirar a Reserva Legal das propriedades camponesas. Nenhum movimento agrário pediu isso. Nem mesmo a Contag, que está bastante próxima do deputado Aldo Rebelo, defendeu isso em suas propostas iniciais de alteração do Código (no Grito da Terra de 2009). Ele fez essa brutalidade em seu relatório apenas para cooptar as bases, oferecendo uma resposta fácil.

    No entanto, o estudo feito pela maior referencia da academia brasileira, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, deixa claro o que a Via Campesina já vem dizendo: as Reservas Legais aumentam a produtividade agrícola. Elas garantem a polinização das culturas plantadas, são refúgio para predadores naturais das pragas agrícolas, colaboram na adubação das unidades produtivas e garantem os corpos d'àgua, juntamente com as APPs.

    Interesses internacionais

    O Código Florestal é uma lei que defende os interesses nacionais e da sociedade brasileira, por isso o Estado historicamente garantiu uma repressão acima do descrito na lei, para jogar o povo contra a lei. Ele, como suposto comunista, deveria saber que a polícia não respeita a lei, mas sim os interesses repressores das elites. Mas o problema não é a lei, é a política do Estado brasileiro, que privilegia os grandes latifúndios e deixa para os pequenos o rigor das concepções ambientalistas conservacionistas, que não estão previstos na lei.

    A entrevista do Aldo deixa evidente a nova trincheira que ele ocupa: a do agronegócio. Acusa a agricultura camponesa de ser ilegal, enquanto o latifúndio, histórico desmatador, é defendido como legalizado. Ataca o MST e defende os interesses das transnacionais, que hoje dominam a agricultura brasileira. Aldo critica as organizações sociais europeias e não faz nenhuma menção às grandes multinacionais da agricultura, que apoiam seu relatório.

    As empresas de agrotóxicos, a maioria europeias como a Bayer, Basf e Syngenta, transformaram o país no maior consumidor de venenos agrícolas do mundo, sem alterar proporcionalmente a produção brasileira. Ele usa isso para confundir a sociedade, uma vez que a grande mídia está a seu favor. Especificamente, existem vários desvios graves na sua entrevista.

    Quem defende o relatório do Aldo

    Os maiores beneficiários são os latifundiários. Um indicativo é que 15 deputados serão diretamente beneficiados, todos eles ligados a bancada ruralista, incluindo nomes "de peso" como Paulo César Quartieiro (DEM) e Sandro Mabel (GO).

    A agricultura familiar está apoiando a implementação da legislação prevista no Código Florestal, com a criação de um programa nacional de regularização ambiental em nível federal, enquanto o Aldo defende programas municipais e estaduais, sujeitos aos interesses da politicagem local.

    Já está mais do que evidente que o deputado e suas propostas não tem apoio da agricultura familiar e camponesa. Nem mesmo a Contag - que é a confederação dessas entidades citadas por Aldo - tem saído em público para defender o relatório do deputado. Continuar a defender isso é mais uma prova do jogo sujo e dos interesses escusos do deputado.

    Função social da propriedade

    O ataque de Aldo ao instituto Reserva Legal é a prova cabal de que o deputado Aldo Rebelo abandonou o comunismo. A RL é um dos cernes da função social da propriedade. É uma inovação progressista, garantida pelos setores mais avançados da sociedade brasileira às vésperas do golpe militar. A RL garante que, independente dos interesses privados, do lucro, cada propriedade deve ter uma parcela destinada ao uso sustentável, já que as florestas são interesse de bem comum à toda sociedade brasileira. Ou seja, o deputado Aldo defende o império da propriedade privada, o mesmo discurso das elites agrárias e seus representes, desde a UDR até a CNA.

    Quem mais preserva

    A Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo, realizou pesquisa em supercomputadores e concluiu que 57% das APPs estão preservadas, ou seja, 59 milhões de hectares. Olhando o mapa gerado, comparando com o IBGE, fica bastante evidente que as aglomerações de agricultura camponesa e povos originários é onde se encontra as áreas com maior taxa de preservação.

    Nós já defendemos o cálculo da APP como Reserva Legal. Isso já era permitido pelo atual Código, exclusivamente para a agricultura familiar. O difícil é o cumprimento disso por parte dos órgãos estaduais de meio ambiente, que normalmente são preservacionistas radicais. Mas não é nenhuma novidade o que o Aldo está trazendo.

    Políticas públicas

    Todo agricultor camponês tem seu pedaço de mata, pois usa para tirar remédios naturais, como fonte de lenha, de madeira para instrumentos e construções. Se existir uma política concreta, que possibilite o extrativismo dessas áreas, já está mais do que comprovado que essa área pode também ser uma importante fonte de renda diversificada para as famílias. A RL só não tem utilidade na lógica do agronegócio, que quer passar trator em tudo, jogar veneno em todas as áreas, transformar tudo em deserto verde e monocultura.

    Recomposição fora da propriedade

    É inaceitável a proposta de recompor ela em qualquer parte do mesmo bioma. O impacto agrário dessa medida será gigantesco. Latifúndios de São Paulo poderão comprar áreas no Paraná ou no Pernambuco, dizendo que estão recompondo suas RLs. Já é possível prever duas situações muito graves: as áreas da agricultura camponesa, normalmente mais baratas, sofrerão um grande aliciamento para serem vendidas e transformadas em RLs. Veremos uma nova expulsão em massa de camponeses. A outra é que latifúndios improdutivos poderão ser considerados como áreas de RL em recuperação, o que impedirá o processo de reforma agrária em várias regiões.


    A ciência também é contrária às mudanças no Código Florestal propostas pela Bancada Ruralista no Congresso Nacional. Clique neste link para ver o documento completo assinado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Academia Brasileira de Ciência (ABC). Abaixo, veja alguns dos pontos principais:

    - Nos últimos anos, a tendência da agropecuária brasileira tem sido de crescimento sistemático da produção, principalmente em decorrência de ganhos constantes de produtividade. Assim, de 1975 a 2010, a área usada para grãos aumentou em 45,6%, mas a produção cresceu 268%, ou seja, quase seis vezes mais que a área plantada. Embora também tenham sido registrados recentemente ganhos de produtividade na pecuária, a taxa de lotação das pastagens na pecuária extensiva ainda é baixa, com cerca de 1,1 cabeça/ha, conforme o Censo Agropecuário de 2006. Um pequeno investimento tecnológico, especialmente nas áreas com taxas de lotação inferiores a meia cabeça por hectare, pode ampliar essa capacidade, liberando terras para outras atividades produtivas e evitando novos desmatamentos. O ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) prevê que o crescimento da produção agrícola no Brasil continuará ocorrendo com base no ganho de produtividade, com maior acréscimo na produção do que na área ocupada. Parte dos ganhos de produtividade alcançados pelo agronegócio tem sido repassada em benefício de diversos segmentos da sociedade, com a queda de preços relativos do produto agrícola e o aumento da produção. Alguns estudos apontam que, de 1975 a 2008, o montante repassado foi da ordem de R$ 837 bilhões.

    - Há necessidade de medidas urgentes dos tomadores de decisão para reverter o estágio atual de degradação ambiental. Para estancar esse quadro, as Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reservas Legais (RLs) deveriam ser consideradas como parte fundamental do planejamento agrícola conservacionista das propriedades. A percepção das RLs e das APPs como uma oportunidade deve ser acompanhada de políticas de Estado de apoio à agricultura que simplifiquem e facilitem os trâmites burocráticos. Para concretizar essa proposta, é indispensável uma articulação entre os órgãos federais, estaduais e municipais para a implementação da legislação ambiental, que não pode ficar sob a responsabilidade exclusiva do proprietário ou do possuidor rural. Os estados e os municípios desempenham papel importante na estruturação dos órgãos responsáveis pela regularização das RLs e APPs.

    - A eficiência dessas faixas de vegetação remanescentes depende de vários fatores, entre eles a largura e o estado de conservação da vegetação preservada e o tipo de serviço ecossistêmico considerado, incluindo-se, na sua avaliação, o papel das áreas ribeirinhas na conservação da biodiversidade. Um ganho marginal para os proprietários das terras na redução da vegetação nessas áreas pode resultar num gigantesco ônus para a sociedade como um todo, especialmente, para a população urbana que mora naquela bacia ou região. Mesmo com toda a evolução do conhecimento científico e tecnológico, os custos para restaurar as áreas mais degradadas são ainda muito elevados, especialmente no caso das várzeas. Além do mais, nem todos os serviços ecossistêmicos são plenamente recuperados.

    - A Reserva Legal tem funções ambientais e características biológicas distintas das APPs em termos da composição e estrutura de sua biota. Na Amazônia, a redução das RLs diminuiria a cobertura florestal para níveis que comprometeriam a continuidade física da floresta devido a prováveis alterações climáticas. Portanto, a redução de RLs aumentaria significativamente o risco de extinção de espécies e comprometeria a efetividade dessas áreas como ecossistemas funcionais e seus serviços ecossistêmicos e ambientais.

    Os verdadeiros "Caras Pintadas"

    Escrito: terça-feira, 19 de abril de 2011 by João Malavolta in Marcadores: ,
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    Quando ninguém pensava em democracia eles já tinham a cara pintada. Se isso não é estar a frente, alguém esta no caminho errado.




    Água poluída – Uma ameaça silenciosa

    Escrito: terça-feira, 12 de abril de 2011 by João Malavolta in Marcadores: , , ,
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    Water ink _ BDDP Unlimited and Solidarités International - UK from BDDP Unlimited on Vimeo.


    To mark World Water Day, on March 22nd Solidarités International and its agency BDDP Unlimited will roll out a campaign to build awareness of the scourge of undrinkable water.

    Today, it is estimated that 3.6 million people, including 1.5 million children under the age of 5, die every year of diseases borne by unhealthy water, making it the world’s leading cause of death.

    Yet the public isn’t aware of it and political leaders do not demonstrate the drive it takes to end the terrible deaths. The campaign calls on journalists to spread awareness of this scourge and appeal to readers to sign a petition that will be personally handed to the French president during the 6th World Water Forum in March 2012.

    To evoke the silent and invisible threat of unhealthy water, BDDP Unlimited opted for a minimalist approach that is both visually appealing and surprising, using water and ink exclusively. The spot shows the power of ink to reveal the invisible.

    The spot, created by BDDP Unlimited, produced by Hush and directed by Clément Beauvais, a young director, illustrator, musician and photographer. His multiple talents and mastery of various techniques enabled him to both create the drawings and direct the spot.

    The campaign will be seen from mid-March on TV, in cinemas, on the Internet and in print. A dedicated web site, votregouttedeau.org, will gather signatures for the petition.

    http://www.votregouttedeau.org

    "Brasileiro é ensinado a ser 'canalha"

    Escrito: by João Malavolta in Marcadores:
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    "No Brasil, se você tem uma opinião contrária você é ejetado da discussão. Além disso, as pessoas sempre levam o debate para o lado pessoal"


    Emily Canto Nunes

    Direto de Porto Alegre


    Músico e agitador cultural, Lobão abriu, ao lado do jornalista, escritor e tradutor Eduardo "Peninha" Bueno, as atividades do 24º Fórum da Liberdade, em Porto Alegre, na noite desta segunda-feira. Convidado para falar sobre Liberdade individual: a arte de construir a sua própria história, Lobão criticou a falta de liberdade do povo brasileiro para ter opinião e para ser autocrítico. Para ele, o brasileiro é ensinado a ser "canalha", a não ser sincero e honesto com os outros e consigo mesmo, a ser subserviente.

    "No Brasil, se você tem uma opinião contrária você é ejetado da discussão. Além disso, as pessoas sempre levam o debate para o lado pessoal", disse Lobão no painel que começou com quase 30 minutos de atraso. A educação, para Lobão, tem um papel fundamental neste modus operandi "bovino" do povo brasileiro, que tem "uma baixa estima revestida de euforia carnavalesca".


    "A educação brasileira é terrível, é amedrontadora", disse Lobão, que ressaltou que o povo não é ensinado a se expressar. "Eu convivo com jovens e o que eu vejo é uma infantilização cada vez maior, eles não tem condições de se expressar livremente e nem de articular suas próprias opiniões. No Brasil, quem é polêmico é tachado de violento, é caricaturado, vira personagem. Aqui, você só pode existir se não for você. Povo que não tem autonomia intelectual não pode clamar por liberdade de expressão, lutar por sua opinião e conviver com opiniões distintas".

    Músico, Lobão exemplificou o que chamou de cultura do povo brasileiro com a música popular brasileira, que mesmo quando é de protesto é acanhada, suave. "MPB tem que ser brocha", disparou, para logo completar que o "brasileiro não teve guerra, nunca lutou em uma guerra, por isso não tem tônus".


    Ainda sobre o papel da educação, Lobão disse que no Brasil as pessoas não são ensinadas a ser empreendedoras, a ter iniciativa, que o mérito é visto como algo ruim, e que o certo mesmo são "as panelinhas".

    "Esse ministro aí de Minas e Energia Edison Lobão, meu homônimo, o cara entende menos do que eu de Minas e de Energia. Mas então por que ele tá lá? Porque ele é amigo, do amigo, do amigo. Se fosse eu, pegava um técnico, olhava o currículo e daí ah, você entende disso, então você está qualificado", exemplificou.


    No mesmo sentido, o jornalista e escritor Eduardo "Peninha" Bueno, conhecido pela tradução de On the Road, de Jack Kerouac, também se mostrou bastante preocupado com a educação no Brasil e disse que tinha tudo para ter sido um "vagabundo", mas que o livro, a palavra escrita, o transformou: "eu me inventei". Com opiniões que foram na mesma direção das ideias de Lobão, Peninha afirmou que o Brasil tem de si uma autoimagem que não corresponde, que se acha sexualmente libertário, por exemplo, mas que é extremamente conservador. "O brasileiro tem uma baixa estima por termos sido colonizados por Portugal. Preferia que fosse por franceses, ingleses, holandeses...

    Tem coisa mais colonizada do que isso? É claro que teve coisas ruins, mas teve também coisas boas, não somos qualquer chinelagem", afirmou, citando inúmeros rankings econômicos em que o Brasil ocupa as primeiras posições.


    Autor de livros como A viagem do descobrimento, Náufragos, traficantes e degredados, Capitães do Brasil, Peninha disse que buscou, através da escrita, libertar a História do ranço ideológico, para que ela fosse menos catedrática e mais como ela é de fato, viva.


    Internet e cultura


    Sobre a internet e o poder da liberdade de expressão através das redes, Peninha se mostrou bastante entusiasmado, mas disse que não sabe como usá-la, e que nesse sentido não é "moderninho" como muitos imaginam. Por sua vez, Lobão disse que as pessoas exageram quando falam da internet, que pelo menos no meio artístico, ela não tem e nem terá um papel de protagonista, pois a indústria do entretenimento funciona de outra forma e que um artista ainda precisa do rádio e da televisão para se firmar. "Eu acredito que a internet é importante, mas ela tem um papel coadjuvante e sempre terá. Um artista precisa tocar na rádio, ir no Faustão. A internet acaba criando um gueto. O artista que quer que sua música seja escutada de verdade por muitas pessoas precisa atacar o mainstream".


    Ao falar das ações do Ministério da Cultura, não apenas no governo Dilma Rousseff, mas de todos os governos anteriores, Lobão disse que o que existe no Brasil é uma "política cultural assistencialista". "Em outros países, nem existe isso de Ministério da Cultura. No Brasil, o Ministério da Cultura é um balcão de negócios. No meu entendimento, uma Lei Rouanet deveria custear atividades de artistas revolucionários, tão excêntricos que não são compreendidos pelo chamado mainstream, que vivem à margem, e não o contrário", afirmou.


     

    Surfe pela Educação - A mágica do esporte também ensina

    Escrito: segunda-feira, 11 de abril de 2011 by João Malavolta in Marcadores: ,
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    A força do surfe já penetra no Currículo de algumas escolas do Brasil, e isto só está sendo possível devido ao trabalho responsável de profissionais engajados e qualificados, que entenderam que a “mágica” do esporte também educa e ensina valores fundamentais para a vida social humana.

    Muito bom!!!

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